domingo, 8 de abril de 2012

José Francisco de Castilho "Capa Preta"

A legendária família Castilho, cujo tronco remonta ao tempo do Brasil colônia, tem seu nome ligado à história paulista, em especial, com a nascente Taquaritinga, através de José Francisco de Castilho, o primeiro “Capa Preta”. 
Livros, revistas e jornais da época descrevem os Castilho como desbravadores do sertão, proprietários de escravos e de latifúndios, fundadores de vilas e portos fluviais, construtores de estradas, precursores da pecuária, e da lavoura em grande escala. 
No livro “A saga da família Castilho”, edição de 1987, a professora Hercília Castilho Cardoso narra a chegada da família Castilho no Brasil: “acompanhando a Corte Portuguesa em sua transmigração de Portugal (1807 e 1808), no início do século XIX, três irmãos portugueses – José Antonio de Castilho, Manoel Francisco de Castilho e Alexandre José de Castilho, filhos de Diogo de Castilho, antigo morador da Ilha da Madeira, de tanto ouvir falar das riquezas e oportunidades que o Brasil oferecia, resolveram tentar a vida por aqui”, relata.
Segundo a professora, José Antonio de Castilho (Totó) morou em Taubaté e na região de Araraquara, onde adquiriu a Fazenda Água Limpa entre outras. “Foi pai de 8 filhos, os quais se espalharam por Ibitinga, Itápolis, São José do Rio Preto, Novo Horizonte, etc”, conta. 
A professora informa que Alexandre José de Castilho, o mais velho dos três, instalou-se inicialmente em Dores do Pântano, pequena cidade no Estado de Minas Gerais, cidade que deve estar coberta pela Represa de Furnas, onde foi pai de seis filhos.
Manoel Francisco de Castilho e sua mulher Maria Francisca de Jesus estabeleceram-se como fazendeiros no Piauí, onde tiveram três filhos: Manoel Francisco de Castilho, apelidado de Manoel Francisco dos Passos, Luiz Francisco de Castilho, que era cego de um olho, ou talvez surdo, e José Francisco de Castilho, que nasceu na época da morte do pai. Com a morte do esposo, Maria Francisca teria vindo do Piauí para a Corte Real, no Rio de Janeiro. 
Hercília escreve que “por ser bem dotada, talvez exuberante’, Maria Francisca teria aceitado a incumbência de ser mãe de leite de D. Pedro II, nascido em 1825, mesmo ano do nascimento de José Francisco. 
“D. Pedro I. comovido, em gratidão por Maria Francisca ter amamentado seu filho, presenteou-a com uma sesmaria de terras”, escreve. Maria também teria ganhado da Corte uma luxuosa capa preta, que fazia questão de ostentar nas incursões pelo sertão paulista. Daí o apelido de Maria “Capa Preta”. 
O apelido foi herdado pelos seus descendentes, que até hoje são conhecidos como os Castilho “Capa Preta”, nas várias regiões, onde se estabeleceram em São Paulo. 

Capa Preta

De acordo com a professora Hercília Castilho Cardoso, José Franscisco de Castilho, o primeiro Capa Preta, usava cavanhaque, era homem de baixa estatura, e terminou seus dias em companhia de seu filho João Francisco, à beira do Ribeirão dos Porcos (a designação “dos Porcos” do Ribeirão se originou da intensa criação de suínos a que se dedicava o José Francisco). “Capa Preta fazia de Rio Claro o seu mercado, levando porcos e trazendo sal, de retorno”, escreveu.
De acordo com o professor e historiador Arnaldo Ruy Pastori, Capa Preta, foi responsável pela vinda e permanência do primeiro médico de Taquaritinga, Dom Benito Vila Marins. “Ele foi ferido por um de seus escravos, ficou doente e solicitou os préstimos do profissional. Depois de recuperado, Capa Preta ‘declarou’ que o médico permaneceria na Vila de Ribeirãozinho, antiga denominação de Taquaritinga”.
Pastori disse que a “picada” feita por Capa Preta, desde o Ribeirão dos Porcos até Rio Claro, para o comércio de suínos, foi utilizada na década de 50, durante o governo de Washington Luiz, como orientação para a construção da rodovia que ligaria Campinas a São José do Rio Preto, a atual Avenida Washington Luiz (SP-310). O Dr. Horácio Ramalho e o engenheiro Luiz Lemos do Val confirmaram essa versão”, disse o historiador. 
Na página 29 do livro “A saga da família Castilho”, a professora Hercília informa que “Dr. Horácio Ramalho, advogado residente em Taquaritinga, anos atrás, recolheu diversos objetos pertencentes aos primeiros CASTILHO ‘CAPA PRETA’, tais como facão, estribos, esporas, etc, e os levou para o Museu de São Carlos”. 
O jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição de 20 de setembro de 1909, publicou referências históricas da família Castilho: “No primeiro qüinqüênio do século XIX alguns mineiros ousados que constituíam a numerosa família ‘Castilho’, tendo à frente a intemerata ‘Capa Preta’, apelido que a essa mulher deu o uso de uma mantilha negra, abandonando as montanhas mineiras e, mais acossados pela revolução de 1842, do que pela falta de ‘largueza’, fenômeno este que provoca a emigração naqueles nossos conterrâneos ávidos de vastos horizontes, desceram o rio Tietê em frágeis embarcações e nas ‘barras’ que encontravam iam operando ‘atos de posse’”.
(...) E, armados de simples ‘pica-paus’ e ‘pederneiras’, esses homens conquistavam o sertão, quando hoje com superiores armas de repetição, a medo alguém se arrisca a devassar as matas contíguas à estrada de ferro. (...) Estes posseiros foram edificando suas ‘arranchações’, como podiam e se dedicaram à indústria pastoril e à lavoura segundo a natureza do terreno que lhe pertencia. 
Os índios que infestavam a zona, pouco agressivos se mostravam, apesar de que de longe em longe trucidavam algum incauto que se afoitava muito ao longe.
Os moradores, incontinente os castigavam, invadindo-lhe as aldeias, e os ataques diminuíam e se espaçavam. 
Assim, iam até que em 1886 em um ‘mochirão’ quase que exclusivamente composto por membros da família CASTILHO, os [índios] coroados de surpresa atacaram os trabalhadores trucidando onze deles. Vitimado o chefe do lugar, ZEFERINO JOSÉ DE CASTILHO, a população, qual um rebanho sem pastor, acossada pelo pânico transpôs o Tietê, abandonando em precipitada fuga todos os haveres...


Fonte:http://tribunataquaritinga.com.br/index.php?id=3086&em=ETE(Memória: Família Castilho “Capa Preta’)

1 comentários:

  1. sou de Goiatuba Goias e ate onde eu si meus antepassados vei de São Paulo mas não sei de que região

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